Como nasce o desejo de emigrar?
Vou começar esta publicação com um breve contexto biográfico: em Agosto de 2016 formei-me como dentista pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa e no dia 28 de Outubro desse mesmo ano, eu e o-essencial-da-minha-vida-em-1-mala-de-porão aterramos no aeroporto de Arlanda para esta nova aventura. Desde esse dia e até hoje que vivo na Suécia, e não tenho qualquer intenção de alterar a minha morada.
O que para muita gente é visto como um acto de loucura, para outras, esta decisão é um mal necessário ou então um atentado à pátria Portuguesa. Mas como nasce esta vontade? Será que se sente um chamamento tipo um futuro padre antes de entrar no seminário?
Não sei... a verdade é que nunca senti esse tipo de chamamento por isso não posso comparar, apenas posso relatar o que senti.
Desde muito cedo que viajo. Sou uma felizarda porque os meus pais são uns corajosos e viajaram, grande parte do tempo, comigo e com o meu irmão. Esse lifestyle abriu-me horizontes e abriu aquela frecha da curiosidade, que dificilmente se cessará, sobre o mundo. Portanto com a minha entrada na universidade, estava tomada a decisão que iria frequentar o programa ERASMUS. O problema? Essa oportunidade nunca apareceu. Desistir desse desejo? Não me passou pela cabeça, apenas me tornei um pouco mais ambiciosa e em vez de um programa de 3/6 meses, tornou-se num projecto para a vida.
Eu sou uma apaixonada pelo trabalho e adoro o meu trabalho, mas também sou uma pessoa, a Filipa, que tem necessidades além do trabalho. Gosto de viajar, de ter a minha independência, de ir jantar fora, sendo que estas actividades precisam de um subsídio para que se concretizem. Subsídio esse que vamos considerar para este efeito, seria o meu ordenado. Neste contexto, lamento imenso, mas a Filipa não poderia ser a Filipa se vivesse em Portugal. Acho que o leitor está informado da condição cultural e económica do meu país de origem, em que tens que trabalhar, pelo menos 6 dias por semana, se queres ter o nível de vida que ambicionas. E eu sabia que não iria ser feliz nesta conjuntura. Para terem uma ideia, cheguei a enviar 3 CV a 3 clínicas diferentes e ainda hoje estou à espera de uma resposta.
Então, juntando estes 2 parágrafos, chegamos à conclusão que a decisão estava tomada. Foi só uma questão de analisar propostas e escolher a que mais me agradou.
Assim sendo, como nasce o desejo de emigrar? Acho que essencialmente nasce de uma personalidade forte, que sabe o que quer e não desiste de lutar em pelo que acredita. O mundo é muito grande e cheio de oportunidades. Se não te identificas onde estás agora, de certeza que existe o lugar que te pertence, num outro local!