segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O CASAMENTO NÃO É PARA XONINHAS

Hoje vou partilhar com vocês um texto que li num blog e que me tocou pela sua pertinência:
"Soube há pouco de mais dois amigos que se separaram. Assim, calma e civilizadamente, com uma certeza que arrepia, especialmente a quem, como eu, os conhecia e imaginava impossível esse desfecho.
Davam-se bem, eram compatíveis, no mesmo patamar intelectual, lavadinhos e cheirosos e ele diz-me “Estava farto daquilo, do de sempre, a vida há-de ter mais para mim”.
Não tive resposta na ponta da língua, como é meu hábito. Turvou-se-me o olhar e a voz na garganta. Tenho-a agora.
– A vida vai trazer-te mais coisas, com certeza. Não sei é se serão melhores.
Fomos criados no mundo dos estímulos, do consumo, da vertigem e nada nos chega.
Os nossos filhos nunca são suficientemente bons, bonitos ou geniais e enchemo-los de dietas, laços e desportos. O emprego é sempre aquém do que queremos ou podemos fazer. O carro está velho e a casa pequena. Os amigos estão maçadores e cheios de defeitos, o cinema cheira a mofo. Já ninguém come carne guisada com ervilhas porque o Oliver inventou que cozinhar é sexy e há sempre coisas mais difíceis e estimulantes para fazer.
É assim no amor e no desamor.
Não acho que as pessoas devam ficar juntas toda a vida se não se amam ou respeitam e sou profundamente grata ao Criador pela invenção do divórcio que os seus pastores não defendem. Às vezes enganamo-nos com as pessoas como nos enganamos com tanta coisa e devemos ter o direito de pedir desculpa e bater em retirada. Nem aos meus filhos eu obrigo a comerem o que não gostam até ao fim. Mas levo-os a experimentarem e insistirem um bocadinho até que percebam se não gostam mesmo ou só estranham o desconhecido.
Passei os olhos pelos títulos das revistas, pelos posts dos blogues e tudo nos diz que o amor deve ser espectacular, que na cama devemos dar duplos mortais encarpados, que o próximo jantar deve ser confitado com uma merda qualquer, que a próxima viagem tem que envolver destinos exóticos e comidas afrodisíacas. Que não podemos aparecer doentes ao nosso amor, que ele tem que usar aquelas camisas upgraded com dois colarinhos, mesmo quando está a cortar lenha, que ele tem mesmo que cortar lenha ainda que em casa só haja radiadores e que nós temos que lavar a loiça em cinto de ligas e acessórios bondage.
Ninguém defende mais do que eu que as relações devem ser cuidadas, que o amor não resiste sem cerimónia, encanto e pequenos truques de magia. Mas isso é o que se faz ao amor, não é o amor em si mesmo. O amor também é acordar despenteado e dar um beijo antes de lavar os dentes sem achar estranho, pedirmos mimo quando estamos doentes e parecemos um cruzamento do Nel Monteiro com o Chucky – o boneco assassino. E ver um filme, beber café, discutir, chorar, perder a fé, fazer cedências, ficar doido ou doida de raiva, desiludirmo-nos, desencantarmo-nos, pedir desculpa com ou sem razão e com ou sem intenção. É sair à noite e dançar e dar beijos na boca como se fosse a primeira vez, quase fazer amor no carro tal é a urgência. É a feira da semana e o supermercado aos gritos e nem se dar por isso ou dar-se mesmo por isso e pensar que nós é que temos razão quando queremos comprar online e porque é que eu ainda vou na conversa deste/a gajo/a.
É adormecer sossegado e protegido como um bebé e acordar feliz porque está ali o cheiro do outro que já passou a ser nosso ou rabugento porque ele/a acendeu a luz – Para quê? Se me amasses partias os dedos dos pés e pisavas o gato mas não acendias a luz enquanto eu estou a dormir. O amor é uma coisa simples que às vezes se torna excitante. Há noites em que é ácido como limão. Mas é um alimento certo, uma refeição quente, de casa. Garantida. E vem das mais diversas formas.
– Já chegaste?
– Já. Está muito frio. Agasalha-te bem, a ti e às crianças.
Não sei o que é que a vida nos pode reservar que seja muito melhor que isto."

Texto de Patrícia Motta Veiga retirado do blog: http://capazes.pt/cronicas/o-casamento-nao-e-para-xoninhas-por-patricia-motta-veiga/view-all/


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Sentença não agendada

No meu coração guardo
O eco das vozes que não podem ser ouvidas
O silêncio é a sentença
De quem amou de coração
Desprovido de fisicalidade

O relógio marca o tempo sem fim
Do esperado sem início
Do aguardado sem estar agendado
Da incerteza de quem tem esperança

Avançar desejando reviver
A cumplicidade partilhada
Num outro rosto e corpo
Desejando reproduzir o mesmo quadro perfeito
Numa tela utópica

O amor é para ser saboreado
Não sendo compatível com a ansiedade cosmopolita
Para o viver é necessário parar
Procurar a paz como refúgio para o nosso lar


Em Portugal o livro poderá ser encomendado neste link: http://www.wook.pt/ficha/cartas-imortais/a/id/16540388

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Joy - história duma mulher


Estamos a viver a melhor época do cinema do ano: quando estreiam nos cinemas os filmes que estão nomeados para os Óscares. Um deles é o aclamado Joy, ou o filme com a JLaw e o Bradley Cooper. É um bom filme e acho que melhor que as representações, realização, fotografia, guarda-roupa, ...,  é mesmo o guião/ a história.

Duma forma muito sumida, Joy é uma rapariga cuja vida se assemelha à Cinderela, mas sem príncipe encantado. Joy vive para a família e conhece o sucesso à custa do seu trabalho e principalmente devido à sua inspiradora tenacidade. É extraordinário assistir como ela luta contra tudo e contra todos, inclusive contra a sua família para concretizar aquilo que idealizou. Quantos nós seríamos capazes de lutar assim? 

Este filme fez-me reflectir sobre a força das mulheres. Histórias como as Sufragistas são importantes e demonstram o valor que deveríamos de ter por coisas simples como votar, mas há tantas histórias de mulheres inspiradoras. Mulheres que confiaram em si próprias e criaram o seu império, muitas delas continuando a tratar da família. Mulheres que lutam pela paridade com a sua criatividade e bondade, pois não nos podemos esquecer o bom coração que Joy demonstra no final do filme, ao continuar a albergar toda a família em casa. 

Acho que fazem falta mais histórias inspiradoras como esta. Que nos fazem acreditar que o sonho americano é impossível, que nos faz lutar e trabalhar mais por alto que desejámos. 


P.S.: Provavelmente terei uma amiga minha a escrever aqui, noutro dia da semana para dinamizar o blog, por isso não estranhem post noutros dias da semana!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Dá trabalho ser amigo


Todos nós aspiramos ter amigo(s) que estão ao nosso lado nos momentos em que mais precisamos, aliás é nessas alturas que percebemos se a amizade é verdadeira ou não. Então porque será que só nos apercebemos disto nos momentos mais críticos?

A verdade é que ser o melhor amigo de alguém dá trabalho. Embora seja uma visão um pouco fria do tema, esta é verídica. Ora vejamos, entre estar em casa no conforto do sofá ou ir ter com um amigo que está no hospital com um familiar seu, a escolha mais simples é a primeira. Entre ir sair à noite com um grupo de amigos ou aturar os dramas românticos do melhor amigo, a escolha mais simples continua a ser a primeira. 

O tempo é igual para toda a gente, todos os dias têm 24h, mas a forma como o despendemos é que nos diferencia. São necessários alguns sacrifícios para apoiar e demonstrarmos a alguém o quanto a pessoa X importa para nós. Só nas pequenas coisas é que percebemos a índole dos sentimentos.