segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Dançar com nostalgia

Esta semana deixo-vos com um dos clássicos que mais marcou a minha infância!


segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Depois da rádio do metro, vem a greve do metro


O metropolitano de Lisboa é todo um ecossistema que acho fascinante como já devem ter reparado, e a rádio nem é o maior dos problemas. Para já, é constituído por um grupo de trabalhadores que se recusam a trabalhar os 30 dias mensais. Isso é coisa de fraco, de trabalhos menores e completamente desnecessários como o padeiro, o médico, o electricista, os professores, ou qualquer outra pessoa que trabalha e se esforça para endireitar o país e para sustentar a sua família. Pessoa que consegue entrar e sobreviver neste ecossistema tem personalidade, não segue a norma, "quer, pode e manda" e se podemos todos entupir as principais artérias de Lisboa e ficar em casa a dormir enquanto faço uso do meu direito de greve, porque não o fazer?! Estúpidos são os pobres que compram o passe todos os meses (cerca de 38€, o passe mais barato) e contam com este serviço 30 dias por mês, e contasse pelos dedos duma mão os meses, durante este ano, em que o metro não teve greve. Provavelmente, deve ter sido só em Agosto, porque Lisboa fica num estado mais deserto e depois não é divertido ficar em casa e ver as filas de trânsito nos noticiários matinais.

Se nunca experimentaram as duas modalidades possíveis de se circular em Lisboa, em hora de ponta em dia de greve de transportes públicos, aconselho-vos a fazê-lo. Quer tentar circular de carro onde se demora 45 minutos um trajecto que normalmente se faz em 15 minutos (nos dias com sol, porque em dias maus já demorei mais de 1:30 a fazer o mesmo trajecto), ou tentar apanhar um autocarro que tem mais gente lá dentro que muitos autocarros em Marrocos ou na Jordânia, parece que fazemos parte de cenários apocalípticos dignos de entrar nos filmes do mesmo realizador que o "Dia da Independência" ou o "Dia Depois de Amanhã". Tenho a certeza que a filmar um filme deste género, este realizador estando em concordância com a conjectura económica actual, pouparia muito dinheiro em cenários e figurantes, filmando as cenas de caos total em Lisboa nos dias de greve do metro.


E se tu, tal como eu, fazemos parte daquele grupo de pessoas enfadonhas que tem que usar o metro todos os dias, quer dizer não todos, mas os restantes 28 dias do mês que o metropolitano funciona já deve reparado que todos os dias as linhas apresentam "perturbações". Às tantas penso que o problema é meu que ando muito de metro e que apanho sempre estes momentos menos bons, mas depois falo com colegas meus e vejo que eles também andam muito de metro porque chegam atrasados porque as linhas estão perturbadas. Imprevistos todos nós aceitamos, imprevistos diários e muitas vezes mais que uma vez por dia já algo não está a correr bem... E há algumas centenas de pessoas a pagar por um serviço que não têm e que muitas vezes quando o têm tem uma qualidade que fica muito aquém das expectativas.

Neste cenário, o metro ainda se vê com moral de meter cartazes nas suas carruagem a pedir aos passageiros para ter o olho aberto em relação à fraude. Vamos por partes. Primeiro, a fraude é um grave problema que afectam todos os transportes públicos, as receitas descem porque nem todos os indivíduos que usam o serviço pagam bilhete, e quem paga esta diferença entre receitas e despesas são os contribuintes. Logo, é um problema que nos afecta a todos. Segundo, parte do serviço do metro não é a segurar a sua segurança e verificar se os seus utentes pagam bilhete?! Será que os "pica" fazem mais greve que os outros?! Não, percebo porque tenho que ser eu que pago bilhete e gostava de ter um serviço, não de 5*, mas um serviço em que pudesse confiar, ainda tenho que adicionar ao meu job description de passageiro, verificar quem paga bilhete. De acordo com esta situação vou partilhar com vocês uma cena que eu assisti e que me marcou. Estava no metro da cidade universitária e vejo uma rapariga a entrar dentro das cancelas normalmente, e outra atrás a colar-se para usufruir deste serviço gratuitamente. A rapariga que pagou bilhete, deve ter visto o cartaz do metro, de forma a que vestiu a sua capa de super mulher e tentou fazer justiça dando um encontrão para impedir a outra rapariga de entrar no metro. A rapariga "cola" não gostou e começou a discutir quase que a querer bater na pobre rapariga que apenas estava a tomar os seus deveres de cidadã. Posso-vos acrescentar que fiquei sem reacção e fui um tanto cobarde por não defender a super mulher (que tinha toda a razão do mundo), pior foi mesmo o segurança do metro que nada fez....

Claro que a greve é um direito democrático, mas quando é muita, não se vêm melhorias e é feita por uma classe que tem mais regalias que a maioria da população, torna-se numa situação um tanto ao quanto desagradável. Este é um caso típico, para mim, dum mau uso da liberdade. A liberdade acaba, quando prejudicamos a liberdade do outro e neste caso a população da cidade com mais indivíduos em Portugal fica prejudicada e com poucas hipóteses de escolha. Há que ser criativo e criar outras formas de luta mais eficazes e com um maior rendimento, é o meu desejo/conselho a todos os trabalhadores do metropolitano de Lisboa.